WHEN WE ENCOUNTER

THE WORLD

Em 1934, um experimento de um casal de cientistas amadores começou. Batizado com o nome de um gênero de mariposas, o ‘Projeto Automeris’ colocou um grupo de crianças em uma floresta fechada, deixando-as à própria sorte. Nas visitas de retorno, o casal apresentava filmes de autoria própria, acompanhados de música ao vivo, retratando o mundo exterior. Para eles, essas imagens eram a réplica perfeita da realidade vista em suas expedições. No entanto, os filmes foram cuidadosamente enquadrados, editados e manipulados para induzir uma transformação e provocar o desenvolvimento de uma nova sociedade.

Artistas: Leonardo Pirondi & Zazie Ray-Trapido | Curador: Sandro Leite

Datas: 21 de Outubro de 2023 — 20 de Janeiro de 2024

NOTA DOS ARTISTAS

O filme retrata um local do qual um experimento científico-cinematográfico foi realizado por um casal em 1934. Nosso interesse com essa história foi entre o paralelo entre nós, a dupla de cineastas, e eles, a dupla cientista-cineastas. Porém, mais interessantes do que o experimento em si, foram as conexões que ele estabelece com a forma da qual interagimos com o mundo através de filmes de ficção, não-ficção e mídia. Qual é a responsabilidade dos criadores de imagens em trazer a realidade para o público quando eles encontram o mundo dos criadores de imagens?

Para além do próprio filme, nesta exibição, nosso objetivo foi criar uma imersão no espaço do noturno da floresta da qual o casal exibia filmes às crianças—seguindo o caminho formado pelo próprio filme de 16mm, os visitantes são convidados a explorar o espaço com lanternas e lupas onde pode ser visto cada quadro presente, ou não, no filme.

ARTISTS’ NOTE

The film portrays a place where a scientific-cinematic experiment was carried out by a couple in 1934. Our interest in this story was the parallel between us, the filmmaker duo, and them, the scientist-filmmaker duo. However, more interesting than the experiment itself were the connections it established with the way in which we interact with the world through fiction, non-fiction films, and media. What is the responsibility of image makers to bring reality to the public when they encounter the world of image makers?

In addition to the film itself, in this screening, our goal was to create an immersion in the nocturnal space of the forest in which the couple showed films to children—following the path formed by the 16mm film itself, visitors are invited to explore the space with flashlights and magnifying glasses where each frame present, or not, in the film can be seen.

SOBRE OS ARTISTAS

LEONARDO PIRONDI

Cineasta brasileiro baseado em Los Angeles, São Paulo e Porto. Seus filmes exploram o abismo infinito entre as múltiplas versões derivadas da realidade por meio de modos documentais, experimentais e narrativos. Grande parte de seu trabalho usa manipulações analógicas e digitais em celulóide para examinar os desdobramentos sociopolíticos das interseções entre imaginação, ciência, mito e tecnologia. Seus filmes foram exibidos em vários festivais de cinema e instituições internacionais como o International Film Festival Rotterdam, New York Film Festival, Viennale, BFI London, Melbourne, Edinburgh, Guanajuato, True/False, Ambulante, Rencontres Internationales Paris/Berlin e outros. Algumas de suas obras existem no acervo do UCLA Film & Television Archive, na Cinemateca do Museu de Arte Moderna do Rio de Janeiro e na The Film-Makers' Cooperative de Nova York. Ele é formado em Film/Video pela CalArts, é um Sundance Ignite Fellow e recebeu o Allan Sekula Social Documentary Fund e o Prêmio Tim Disney de Excelência em Artes de Contar Histórias.

ZAZIE RAY-TRAPIDO

Cineasta e produtora da Americana, com sede em Los Angeles e Nova York. Seus filmes experimentais e documentários criam vinhetas narrativas do cotidiano e do pessoal. Seus filmes foram exibidos no New York Film Festival, Viennale, Curtas Vila do Conde, REDCAT, Athens International Film and Video, Antimatter, Engauge, Montreal Underground, San Diego Underground, The Clemente Center, Mimesis Documentary Festival e outros. Como produtora, seu foco é em live-action e animação de não- ficção. Atualmente, ela está produzindo projetos encomendados pela Yale University, premiados Berlinale Talents, Big Sky Pitch, Claims Conference Grant e Ikusmira Berriak Residency. Zazie participou do Sundance New Frontier Lab: Filadélfia e recebeu a bolsa de pesquisa e prática da CalArts. Ela é formada em Teatro e Artes Cênicas pelo Bard College e tem mestrado em Film/Video pelo California Institute of the Arts.

NOTA DO CURADOR

Somos nós deuses, criadores de realidades? A realidade se revela no contato com o mundo por meio de formas, texturas, cores e na relação com os semelhantes e suas diferenças. A realidade é tudo o que existe enquanto qualidade tátil, gustativa, olfativa, visual e auditiva, e o real pode ser, também, tudo aquilo que me toca: um sonho, uma fantasia, uma crença, uma imagem, um nada. Mas não basta sentir, é preciso compartilhar! Quem cria uma realidade é agente e sabe que a mente humana é terreno fértil para experimentações. Teoria da mente!

A mariposa Automeris, um inseto adaptativo às mais diversas temperaturas e altitudes, se alastra por todo o continente americano. Adaptação e Alastramento. A mariposa, e seus “grandes olhos’, são belos e são mecanismos de defesa contra predadores. Atlântida, Paraíso, Terra Sem Males são projeções. Projetamos aquilo que nos falta e, por isso, são poderosos centros gravitacionais que movimentam nossas forças internas com o intuito de ajustar, moldar, ou corromper o mundo externo. Ao projetar, podemos salvar ou destruir o mundo. O predador corrompe e a beleza salva!

CURATOR'S NOTE

Are we gods, creators of realities? Reality reveals itself in contact with the world through shapes, textures, colors, and in the relationship with others and their differences. Reality is everything that exists as a tactile, gustatory, olfactory, visual, and auditory quality, and reality can also be everything that touches me: a dream, a fantasy, a belief, an image, a nothingness. But it’s not enough to feel, you must share it! Whoever creates a reality is an agent and knows that the human mind is a useful ground for experimentation. Theory of mind!

The Automeris moth, an insert adaptable to the most diverse temperatures and altitudes, spreads throughout the American continent. Adaptation and Spread. The moth and its “big eyes” are beautiful and are defense mechanisms against predators. Atlantis, Paradise, and Land Without Evil are projections. We project what we lack, and therefore, they are powerful gravitational centers that move our internal forces with the aim of adjusting, shaping, or corrupting the external world. By projecting, we can either save or destroy the world. The predator corrupts, and beauty saves!

CRÉDITOS TÉCNICOS

Mistura de Som por Andrew Kim em Valencia, EUA
Montagem da Exibição pela equipe da Galeria Mola em Braga, PT
Revelação e impressão do 16mm por FotoKem Industries em Los Angeles, EUA
Este filme e instalação foram feitos com o suporte da Galeria Mola e o do CalArts Film/Video Project Grant